A região da Zona da Mata de Pernambuco é um dos lugares no Brasil onde o teatro popular de bonecos ocorre de maneira mais intensa. Ali conhecida como mamulengo, a manifestação é voltada para o riso e está presente em muitas festas e eventos culturais que acontecem na região. As apresentações contam com a participação de um mestre mamulengueiro, que manipula os bonecos e comanda a brincadeira, o palhaço Mateus, que exerce a função de mestre de cerimônia e se relaciona com o público, e os músicos. Eles são convidados, mediante cachê ou outras formas de pagamentos, para fazerem apresentações em sítios, fazendas e praças. Muitas vezes a encenação estende-se por toda a noite. Embora tenha se desenvolvido, sobretudo, entre os trabalhadores das fazendas de cana-de-açúcar, principal atividade econômica da Zona da Mata, hoje essa brincadeira faz-se presente em muitas partes do Brasil, por meio da ação de seus principais mestres. A maioria das passagens, como são chamadas as cenas, tem caráter satírico. Os personagens, parte integrante do universo cultural local, são Dona Colotildes, Coronel Mané Pancarú, Cobra Xibana, Dona Xôxa, Caso Sério, Joaquim Bozó, João Redondo, Cabo 70, entre outros. Cada um dos personagens tem características próprias, padrões comportamentais e psicológicos originais, histórias típicas e suas próprias loas ? versos que utilizam para se apresentarem e a partir dos quais iniciam as improvisações. A Zona da Mata também é responsável por uma rica produção de bonecos para o teatro de manipulação. Grandes mestres mamulengueiros, brincantes e/ou artesãos, são originários desta região, a exemplo de Mestre Saúba, Zé Lopes, Zé de Vina e o falecido Sólon.